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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Lembranças - Verão 2010 - Raul Guilherme Branchi

O verão de 2010



O que escrever sobre cada veraneio na praia que nos vamos todos os anos.

O nome da praia é STA TEREZINHA, praia do litoral norte, a segunda mais antiga de nossas praias do sul.

O que recordo é que já passaram, talvez uns quarenta verões, nesta praia, sem progresso, sem muita infraestrutura, porem de uma energia que surpreende aos que passam por aqui pela primeira vez e falo por experiência própria.

O primeiro ano de veraneio, mais precisamente um ano muito especial, pois nossa família, depois de tantos anos sem saborear umas férias, escolheu a praia de Sta Terezinha para o descanso de todos,preparou o carro, que era o único, colocou as bagagens, o rancho para encarar quinze dias de férias e seguiam no carro o motorista a sua mãe e o resto da turma de ônibus.

Saímos de madrugada, rumo a uma casa, na rua da igreja, bem de esquina, a que alugamos ficava nos fundos da casa principal, o carro ia carregado, os pneus calibrados e todos felizes no rumo do primeiro verão de nossas vidas naquela praia, que por uns seria esquecida e para os outros que iam viver suas passagens e contar suas historias na praia tão querida por todos que a conheceram.

O primeiro dia foi o reconhecimento da casa, fazer o rodízio das camas, pois umas eram boas e o resto era horrível de dormir, mas era tudo alegria, pois estávamos novamente em uma praia para curtir um veraneio.

O que não esqueço, é de um menino bem alegre, chegou a nossa casa dando as boas vindas e ofereceu-se com muito carinho para nos auxiliar em que fosse preciso na praia, pois ele e sua família tinham casa de veraneio na praia de nossos sonhos e futuras realidades.

Chegou o primeiro dia de banho, a corrida ate a praia, nossa família bastante numerosa e o olhar das pessoas curiosas em saber o que eles fariam em seu reencontro com o mar. O banho foi sensacional, os guris mergulhavam e sentiram a água salgada refrescando seus corpos e trazendo de volta e realizando seus sonhos de com a companhia de seus queridos sentir de novo o sabor de um verão.

A mãe e suas filhas, que eram as três Maria, ficavam observando da areia seus irmãos e logo entraram na água e curtiram seu primeiro banho de mar. Ficamos umas duas horas e depois retornamos a casa, onde saboreamos nosso primeiro almoço, naquela casa maravilhosa.

Em nossas grandes pescarias, eu e meus irmãos, estávamos acostumados pescar em água doce, no lago Guaíba, mais precisamente, em um valão da quarta-ponte e agora nossa pescaria seria no mar, onde a isca e o peixe são bem diferentes.

Chegou a primeira noite, fomos conhecer o centro, onde tinha o hotel Center, no qual na frente tinha um banco onde sentávamos para observar o movimento da praia o que naquele tempo era muito pequeno, pois os veranistas dormiam cedo e o centro ficava tão deserto, que parecia aquelas cidades abandonadas.

Acordávamos todos os dias bem cedo, que é o melhor horário de pegar uns bons peixes, o resultado da pesca era sempre positivo e o balde vinha carregado de papa-terras que era ótimo de comer e tinha um sabor sensacional, em outra balde era cheio de mariscos, que depois de limpos, dariam um prato saboroso, que a mãe com suas qualidades de cozinheira, faria um ótimo prato para seu clã.

O mês e ano que estou escrevendo, é o ano de 2010, sabem que nem sou escritor de fatos ilusórios e trago a todos aos que lerem o texto, experiências de passagens muito importantes e que talvez possam servir a outras pessoas que necessitem fatos para comprovarem suas vidas com as outras.

Em todos os lugares que passamos, somos informados sobre a vida e as lendas ou verdades existentes ou de alguém que as inventa para assustar os que não acreditam nas coisas existentes entre o céu e a terra. Aqui na praia, os moradores da época, contavam fatos de um homem da capa preta e a mulher de branco que caminhavam a noite pela praia, confesso que enxerguei os dois muitas vezes, seria alucinação de minha mente ou talvez viessem reforçar minhas convicções de vidas passadas.

Assim mesmo o mais importante, era a beira da praia, a escolha do melhor pescador, que era o seu Ângelo de uma lançada e uma pegada de muitos peixes, também tinha a escolha da bela da praia, que era muito difícil a escolha, o júri era das pessoas da beira da praia. As candidatas ao saberem do referido concurso, começavam a se enfeitar e assim tudo ficava mais bonito e que grande alegria para todos os veranistas, que verão sensacional.

O nosso irmão mais velho era um bom pescador, um exímio pegador de mariscos e que beleza, era seu trato em confeccionar os rabichos que ele fazia conforme o mar e suas ondas, os peixes, eu acho que o conheciam bem, pois era só largar a linha e o danado fisgava um baita de um papa-terra e ele dava uma risada, como dizendo peguei um e é bonito. O nosso pensamento estava com ele, pois era certo que degustaríamos um ótimo almoço.

Um detalhe muito importante era a musica, que sempre embelezava nossas andanças e claro era o rei Roberto Carlos que sempre lançava um LP por ano e era certo seu sucesso geral e escutávamos e curtimos demais.

Os gaúchos adoram um bom churrasco, nos também, sempre que o dinheiro dava, comprávamos a carne e tudo bem, o maior problema era que a casa não tinha churrasqueira, ficamos a pensar como assar aquela carne e não teve outra, a igreja ficava bem em frente da casa e estava em reforma, adivinha na madruga pegamos uns tijolos e tava pronta a churrasqueira, que Deus nos perdoe mais era por uma causa justa e aquele churrasco.

As nossas vidas eram só alegrias, pensávamos em tudo o melhor do mundo, em nossa trajetória e passagens dariam um planejamento a todos em seus futuros.

O caminho era promissor e nossa mãe sorrindo e cheia daquilo tudo que dava a ela a tranqüilidade de ter seus filhos ali e que depois encontrariam os seus presentes e o caminho da felicidade.

Lembro bem, de uma coisa que gostamos ate hoje, uma cerveja bem gelada, o único galho é que tava contada para os dias na praia, quando tomávamos uma a mãe já dizia chega, pois tem poucas.

Hoje os tempos são outros e perdemos alguns da família, mas continuamos a caminhar e preservar o que eles idealizaram para todos seus queridos.

FEVEREIRO DE 2010. PRAIA DE STA TEREZINHA







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