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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Eu Estive Lá - Maria Isabel Bins


Que me perdoe Santa Catarina... optamos pelo Capão Novo!
Nosso veraneio começa quando iniciamos os 520 km que nos separam de Porto Alegre, entramos na freeway e chegamos a nossa pequena praia encontrando lá nosso filho de Porto Alegre, o de Santa Maria e suas namoradas.
É em Capão Novo que recuperamos nossas energias. É lá que encontramos parentes e amigos. Fizemos lá nosso segundo lar. Depois de anos alugando casas, levando crianças, malas e papagaio compramos um pequeno sobrado. Dividimos o gramado com os vizinhos, nossos cães, gatos, crianças e carros.
É uma pequena praia, perto de outras onde podemos buscar diversão, mas, tem seu comércio, supermercado, sempre a fila comprida demais para comprar aquele pão fresquinho, que só na praia a gente saboreia. Porque pão de praia é tão gostoso!
O veraneio de 2010 foi tão surpreendente. Há anos não se via aquele mar tão limpo, tão quente e tão convidativo. Nas duas vezes que estivemos em Fortaleza, compramos junto com o pacote o vento que não parava nunca. Sempre me lembro dele quanto ouço as pessoas reclamarem do nosso ventinho. Nesse veraneio ele decididamente ficou por lá! A gente não acreditava! Tivemos que lembrar muitas vezes da pele branquinha dos nossos dermatologistas. Ainda bem que Capão Novo é bem servido de farmácias que vivem cheias! Como tem seu núcleo de moradores, acostumamos a vê-los, com suas bicicletas e os barulhos de suas máquinas de cortar grama, sempre depois do nosso almoço quando queremos tirar um soninho.
Tendo uma casa, acostumamos a ver pessoas todos os anos e sentimos falta delas quando desaparecem. Esse ano não vimos a senhora, de cabecinha branca, que caminhava todos os dias com uma moça. Nem o senhor que passeava comum poodle preto.


 

E os vendedores ambulantes? Quer diversão maior do que estar sentada e ver as mulheres circularem em volta daqueles vestidos, batas, shorts? Como não tem espelho o vendedor opina, a mulher compra e depois toda feliz quer se mostrar para um sonolento marido que aproveita a folga e se delicia olhando a jogadora de frescobol. O pagamento, combinado, depois da volta, no endereço anotado em um pequeno caderno. E lá vem o vendedor de queijo com sua lata e seu cheiro de orégano. E o vendedor de sonhos que passa com suas bicicletas informando que são sonhos assados, portanto, menos calóricos. Será?
E as pescarias? Primeiro o buraco, depois o marisco, depois o sonho do papa-terra maior. E sempre a mesma coisa. Esse maior sempre escapa na última onda. Chegamos a ver a cabeça grande dele, se soltando .Mas não faz mal, sobraram alguns, que sempre são degustados, depois de todo aquele ritual da farinha, sal e um óleo bem quente!
Capão Novo com seus butiazeiros, seu pequeno calçadão, seus condomínios, seus cantores de noite, os sorvetes e crepes.
Quando partir de lá, no fim do próximo veraneio, espichando meu olhar para ver o mar num adeus sofrido, vou me perguntar novamente – Será que casa também sente saudades da gente?